Os estudantes na sua grande maioria têm bem menos de quarenta anos de idade, sendo assim, que idades teriam entre 1980 e 1995?
Algo entre “ainda não fecundados”, e até cerca de quinze anos de idade!
Felizmente não viveram naquela época, não se lembram daqueles anos, ou pouco estudaram sobre eles.
Provavelmente já ouviram falar em inflação, mas de fato não têm a menor noção do que era viver com uma inflação maior que 1.000% (MIL POR CENTO) ao ano. Não sabem que os salários perdiam o valor de compra diariamente, e que se você não comprasse hoje, amanhã o preço seria outro, e bem maior. Nunca ouviram falar em overnigth! Quem tinha dinheiro adiava ao máximo o pagamento das dívidas, e os bancos aplicavam o saldo bancário do correntista em aplicações que numa noite rendiam mais do que hoje aplicado durante vários meses. Era ótimo? Não; era péssimo, pois os preços subiam sem parar.
Nunca ouviram falar nos “fiscais do Sarney” e no “Plano Cruzado”. Pois é, o Sarney, lá do Maranhão, já foi presidente do nosso país (de 1985 a 1990), e o nosso dinheiro já se chamou Cruzado. A inflação no seu governo oscilou entre 365,7% a 1.764,86% ao ano! Nesta mesma época faltava tudo nos supermercados, não havia celulares e as linhas telefônicas convencionais eram tão RARAS e CARAS que tinham que ser declaradas no Imposto de Renda! Comprar carro? Só com ágio (você pagava mais caro porque o “tem, mas está faltando”, era a regra), entende?
Talvez o nome de Fernando Collor de Mello seja mais conhecido, mas acho pouco provável que lembrem que neste período houve o confisco da poupança – Plano Collor I - que tirou o poder de compra de quase toda a população, deixando disponível para saque o equivalente a R$50,00 na conta corrente e na poupança, ficando o restante congelado por um ano, com a esperança de conter o dragão descontrolado (a inflação era simbolizada por um enorme dragão). O país entrou em recessão, tendo sido feito então o Plano Collor II em janeiro de 1991 que também resultou em fracasso no controle da inflação e do poder de compra da população. Em 1992 veio à tona a existência de um esquema de corrupção no governo, comandado por Paulo César Farias, ex-tesoureiro da campanha presidencial de Collor que resultou no processo de impeachment e sua cassação. Pois é, por estranho que possa parecer nos dias atuais, em que ninguém sabe de nada, um presidente foi cassado por corrupção...!
Em Setembro de 1992 o vice-presidente Itamar Franco assumiu interinamente o cargo de Presidente, e em dezembro daquele ano, com a renúncia definitiva de Collor passou a ser o presidente até janeiro de 1995. No governo do presidente Itamar Franco, o Fernando Henrique Cardoso, foi nomeado Ministro da Fazenda e o combate à inflação foi realizado com a reforma do Estado, ou seja, com a redução dos gastos públicos, que faziam o Governo tomar dinheiro emprestado para pagar suas próprias despesas e para isto pagava juros altos que perpetuava a inflação. Este “sangramento” do dinheiro público ocorria também através de estatais ineficientes e defasadas, como era o caso das empresas de telecomunicações (lembram dos telefones raros e caros?), da Embraer (que estava à beira da falência e despedia os empregados – e hoje é a terceira maior fabricante de aviões do mundo, gerando empregos e receita em impostos e dólares para cada avião vendido), o mesmo acontecia com a Vale do Rio Doce, que hoje é uma das maiores empresas de mineração do planeta, e bancos estaduais que serviam de cabide de empregos e a interesses políticos pessoais dos governadores. Como podem ver em alguns casos as privatizações podem trazer benefícios ao país e a sua população! Em fevereiro de 1994, sob fortes críticas da oposição, o Congresso aprovou o Fundo Social de Emergência (FSE), considerando como essencial para a implementação do programa econômico, e em julho a nova moeda, o Real entrou em circulação. Novamente a oposição fez pesadas críticas ao novo plano econômico que entrava em vigor. Quem eram os principais críticos do Plano Real? Lula e Leonel Brizola (este último, vocês provavelmente nem sabem quem foi). Apesar das críticas do Lula e do Brizola, o plano Real controlou a inflação, e o país voltou a crescer (quando um país cresce, os empregos aparecem e os salários aumentam).
Nas eleições de outubro de 1994, Fernando Henrique foi eleito presidente derrotando o então candidato Lula. Ao contrário do que o governo atual faz acreditar, o Fernando Henrique foi militante de “esquerda”, e foi exilado durante o golpe militar de 1964 (já ouviram falar?) tendo lecionado neste período, no Chile, Argentina, México e França. Em 1980, foi um dos fundadores do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) e em 1988 fundou o Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB). Como presidente o Fernando Henrique promoveu reformas para manter a estabilidade do Plano Real e a inflação definitivamente sob controle. O Estado brasileiro teve que se modernizar, implantando a reforma administrativa e previdenciária, a flexibilização das regras de contratação de empregados (o PT é contra até hoje), e como já dito, o fim do monopólio estatal (quando só é permito o governo prestar determinado serviço) nas áreas de siderurgia, energia e telefonia. Foi implementada a Lei das Diretrizes Orçamentárias e a Lei da Responsabilidade Fiscal (o governo não pode gastar mais do que arrecada em impostos). A estabilização da economia, com a contenção do processo inflacionário, permitiu o crescimento da renda média dos trabalhadores assalariados. Na área da educação e da saúde, o país foi pró-ativo e gerou transformações vitais. Neste período o Brasil conviveu e sobreviveu a várias crises mundiais que não foram “marolinhas”. A do México, em dezembro de 1994, a da Rússia, que declarou moratória da sua dívida externa em 1998 e a da Argentina, em 2001.
Em outubro de 1998, Fernando Henrique foi re-eleito derrotando novamente Lula (agora dá para entender a raiva que o Lula tem dele?). No final do segundo mandato Fernando Henrique Cardoso, a inflação que estava sob controle por oito anos apresentou uma ligeira elevação e o preço do dólar disparou. Era o efeito PT, Lula havia finalmente ganho as eleições, depois da terceira tentativa. O mercado brasileiro ficou assustado com o que iria acontecer com a economia do país, pois durante toda sua existência o PT afirmou que as políticas econômicas estavam totalmente erradas.
Felizmente o PT tomou a sábia decisão de “não mexer em time que está ganhando” e chamou para ser Presidente do Banco Central o economista Henrique Meirelles (um Deputado Federal do PSDB!) que felizmente permanece no cargo até hoje! O Real está mantido e forte, a inflação está sob controle desde 1994, o bolsa escola foi ampliado para um monte de “bolsas alguma coisa” (depois do controle e do arrocho inicial, agora o país tem dinheiro sobrando), o plano de metas inflacionárias criado no governo de Fernando Henrique foi mantido, e nenhuma empresa foi “desprivatizada” (por que será?).
Ficaram avanços para serem feitos, como a reforma tributária, a reforma das leis trabalhistas (são da década de 50), e a reforma do judiciário, e lá se vão oito anos e nada foi feito!
O resto da história é presente, e disto todos nós entendemos.
Para quem leu até aqui, talvez tenha ficado claro que este país tem muito mais história para ser contada, e principalmente para não ser esquecida, do que os últimos oito anos de “nunca antes neste país”...
Escolha o seu melhor candidato, e faça seu voto democrático, que é o que mais importa!
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